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Caderno da Criatividade

Procuramos e partilhamos fontes de inspiração para despertar a criatividade, online e não só.

Sobre este blog

Um blog da equipa do SAPO Blogs dedicado à criatividade virtual e não só. O que nos inspira? Como podemos ser mais criativos e partilhar essa criatividade? São algumas das perguntas que motivam este blog.
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As fontes da criatividade

Março 02, 2021

Pedro

Página de rosto do blog Fontes, Bebedouros e Chafarizes

A fonte de inspiração deste blog é, curiosamente, a própria fonte. A autora do blog Fontes, bebedouros e chafarizes fotografa e escreve sobre as fontes da sua vida. É mais fácil manter um blog dedicado a um só tema? E qual é a origem deste entusiasmo? Fomos diretamente, bom, à fonte, perguntar.

SAPO Blogs: O que nos pode contar sobre si, como autora?

JL: Sou natural de Bragança mas vivo em Aveiro, há vários anos. Estudei em Évora, pelo que me habituei, desde jovem, a circular pelo país. Foi no Alentejo que comecei a olhar com mais atenção, para as fontes e a fotografá-las, com máquinas analógicas, cuja revelação, mais tarde, mostrava algum azar no momento do “disparo”! Por isso, agora, “vingo-me” e fotografo de vários ângulos para, depois em casa, poder optar pelas melhores…

Como e quando surgiu este entusiasmo (se for a palavra certa) por fontes?

Começou há muitos anos, ainda na era das máquinas analógicas, quando frequentava a Universidade de Évora. O Alentejo está cheio de fontes lindas, caiadas a branco e com uma ou outra cor, em realce, que não passam despercebidas. Ainda tenho as fotografias que tirei e vejo como eram de fraca qualidade… Na mesma altura, visitei alguns países da Europa e as fontes apareciam-me, um pouco por todo o lado, sempre bem cuidadas e com água potável. E eu ia-as fotografando… Ainda não havia internet, de forma tão acessível, e nem imaginava o que estava para surgir! Curiosamente, por volta de 2002, quando comprei a minha primeira máquina digital, entrei numa fase menos ativa, no que diz respeito a fotografar fontes: se estivessem no meu caminho, fotografava; mas não me deslocava de propósito, como por vezes faço, hoje em dia. Anos mais tarde reencontrei uma amiga, que sabia da coleção que tinha, e me desafiou a digitalizar as velhas fotografias e a publicá-las. Daí até à criação de um blogue, foi uma questão de dias. Como o meu mail pessoal é, ainda, o primeiro mail que criei, a opção por ser um blog SAPO foi óbvia!

Colocar todas estas fontes numa "vitrine virtual" acaba por ser uma forma de colecionismo, não muito diferente de quem vai colocando ímanes na porta do frigorífico dos sítios por onde passou. Sente que é isso que faz?

Sim, é verdade! Desde que criei o blogue que, sempre que vou a um lugar novo, procuro trazer, pelo menos, uma recordação para o blogue. No entanto, a maior parte das vezes, acabo por trazer mais do que um “íman”…

Que papel é que o blog desempenha nesta forma de colecionismo?

Desde os primeiros tempos do blogue que alguns amigos estranhavam que eu publicasse todo o tipo de fontes, mesmo a mais abandonadas ou em mau estado. Para mim, todas são válidas pois já todas tiveram a sua importância na vida de alguém. Se está numa situação de abandonado, é motivo para que a memória daquela fonte se perpetue e, caso venha a desaparecer, tenha o seu lugar de destaque, em homenagem a quem dela dependeu, outrora… Curiosamente, desde que comecei a questionar Juntas de Freguesias, pessoas idosas e a pesquisar na internet dados que me interessavam para o blogue, algumas fontes já foram recuperadas. Coincidência, ou não, quero pensar que vale sempre a pena publicar tudo o que encontro, de modo a que alguém, um dia, possa reverter a situação de degradação e dar-lhes o devido valor. Pela minha experiência, noto que, em comparação com outros países da Europa, temos, no nosso país, um elevado número de fontes públicas com água imprópria para consumo. E isto deixa-me muito triste. O ambiente agradecia que a situação fosse corrigida, rapidamente...

Consegue dizer quantos sítios já fotografou ou catalogou no blog? E consegue escolher uma fonte preferida?

Não faço a mínima ideia. Seguramente, tenho mais de mil fontes publicadas. No entanto, quase outras tantas aguardam publicação. Gosto de complementar as fotografias com dados acerca da mesma e, nem sempre é fácil encontrar informação, sobretudo quando se tratam de fontes em aldeias do nosso país, por onde passo, nas caminhadas que gosto de fazer, com o meu grupo de amigos.
Entre tantas e tão diferentes fontes, não consigo escolher a favorita. As da minha infância desempenham um lugar privilegiado, obviamente, por razões afetivas, mais do que por razões arquitetónicas ou monumentais. Depois, há as medievais, na Suíça, coloridas e indiferentes ao evoluir das cidades à sua volta, todas com água potável. E há as mais estranhas, com estátuas mitológicas e/ou assexuadas, impensáveis num país tradicional como o nosso mas perfeitamente aceites, em países como a Dinamarca e a Alemanha.

Quando viaja, costuma fazer um estudo prévio das fontes que pode encontrar, ou prefere depender do acaso?

Sim, atualmente faço um levantamento prévio, mas não doentio, ao local onde vamos de férias. Já aconteceu convencer a família a alterar um pouco o trajeto da viagem, por causa de uma fonte que, na véspera, eu descobri. Por exemplo, em 2018, quando estávamos a caminho de Innsbruck, na Áustria, cruzei-me com a indicação de que uma das mais espetaculares fontes do mundo ficava perto de onde iríamos estar, no parque da famosa marca Swarovski. O Parque é fantástico, tornando-se num ponto alto dessas férias, completamente inesperado. No final, todos ficámos contentes com o desvio! Desde então, quando sugiro um desvio, já não se importam!

Que reações ou feedback costuma receber (no blog ou quando refere este entusiasmo a pessoas que a conhecem) em relação a tudo isto?

As reações costumam ser variadas, mas sempre positivas. Tenho amigos que colaboram comigo, mandando fotografias das fontes que veem ou informando-me onde se encontram. No geral, acham interessante e original. Também já aconteceu receber feedback de pessoas que vierem aqui à procura da versão mais antiga de uma fonte que, entretanto, foi reabilitada ou danificada. E também já surgiu o convite para colaborar com entidades nacionais que se ocupam a inventariar o património nacional.
Contudo, ainda tenho esperança que a maior parte destas fontes venham a cumprir a sua principal função: a de nos fornecer água potável, para que possamos deixar de comprar garrafas de plástico, preservando o meio ambiente. Este é, também, um dos objetivos do blogue.

Obrigado!

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